terça-feira, 5 de abril de 2011

O que um professor de EJA precisa saber


O que um professor de EJA precisa saber


 
(Extraído do site da revista Nova Escola: www.novaescola.com.br)

Sônia Couto, coordenadora do Instituto Paulo Freire, lista algumas práticas essenciais ao profissional que trabalha com Educação de Jovens e Adultos.

Valorizar os conhecimentos do aluno, ouvir suas experiências e suposições e relacionar essa sabedoria aos conceitos teóricos. Dialogar sempre, com linguagem e tratamento adequado ao público. Perguntar o que os estudantes sabem sobre o conteúdo e a opinião deles a respeito dos temas antes de abordá-los cientificamente. Dessa forma, o educador mostra que eles sabem, mesmo sem se dar conta disso. Compreender que educar jovens e adultos é um ato político e, para isso, ele deve saber estimular o exercício da cidadania.



As três ciências envolvidas nos “estudos da sociedade e da natureza”

Definição e descrição

Biologia, ciência da vida. O termo surgiu na Alemanha, em 1800, e foi popularizado pelo naturalista francês Jean Baptiste de Lamarck, com a finalidade de reunir um número crescente de disciplinas que se referiam ao estudo das formas vivas. Subdivide-se em matérias hierarquizadas, com base na molécula, na célula, no organismo e na população. De acordo com este critério, podemos considerar as seguintes disciplinas: a biologia molecular, a biologia dos organismos, que compreende a biologia do desenvolvimento, fisiologia, neurofisiologia e etologia, e a biologia das populações, que inclui o estudo da evolução, genética e ecologia
Geografia, ciência que estuda a distribuição e a ordenação dos elementos na superfície terrestre. A palavra geografia foi adotada no século II a.C. por Eratóstenes e significa, literalmente, descrição da Terra. O estudo geográfico compreende o meio físico da superfície terrestre e a relação dos seres humanos com esse meio.

A geografia pode ser dividida em dois ramos fundamentais: a geografia geral e a geografia regional. A primeira estuda os elementos humanos e físicos da Terra de maneira individual. A segunda estuda as diversas áreas da Terra e se concentra, sobretudo, nas combinações únicas e particulares dos traços humanos e físicos que caracterizam cada região e que diferenciam uma região de outra.
A geografia geral inclui a geografia física e a geografia humana. A primeira se dedica aos seguintes campos: geomorfologia, que utiliza a geologia para estudar a forma e a estrutura da superfície terrestre; climatologia, em que se encontra a meteorologia; biogeografia, que utiliza a biologia e estuda a distribuição da vida animal e vegetal; geografia dos solos, que estuda sua distribuição; hidrografia, que se ocupa da distribuição dos mares, lagos, rios e arroios em relação à sua utilização; oceanografia, que estuda as ondas, as marés, as correntes dos oceanos e os fundos marinhos; e cartografia.

A geografia humana abrange todas as fases da vida social humana em relação ao meio físico, como na geografia econômica e na geografia política, que é uma aplicação da ciência política, visto que estuda as atividades sociais dos seres humanos que estão diretamente relacionadas às localizações e aos limites de cidades, estados e grupos de estados. Existem muitos outros campos na geografia humana, como a etnografia, a geografia histórica, a geografia urbana, a demografia e a geografia lingüística.

A geografia regional estuda as diferenças e semelhanças entre as regiões da Terra. Esse ramo da geografia explica as diferenças entre os lugares mediante o estudo da combinação especial dos elementos que os distinguem e caracterizam.

Os métodos usados pelos geógrafos para descrever o meio físico e humano da Terra baseiam-se na coleta de dados no campo ou na sua obtenção de fontes secundárias, como censos, estudos estatísticos, mapas e fotografias; na confecção de mapas (que podem ser utilizados para registrar um simples dado ou os resultados de um estudo geográfico complexo); e na análise de informações geográficas, que são as técnicas utilizadas pela matemática ou pela estatística para analisar os dados quantitativos.

Os gregos antigos forneceram ao mundo ocidental seus primeiros conhecimentos importantes sobre a forma, o tamanho e as características gerais da Terra.

No século IV a.C., o filósofo e cientista grego Aristóteles foi o primeiro a demostrar que a Terra era redonda. O geógrafo grego Eratóstenes foi o primeiro a calcular com certa precisão a circunferência da Terra.

O geógrafo e historiador grego Estrabão escreveu uma enciclopédia de 17 volumes, intitulada Geografia, que foi uma importante fonte de informação no império romano.

No século II d.C., Ptolomeu contribuiu para a ciência geográfica com mapas e descrições muito úteis do mundo conhecido. Seus mapas indicavam, com clareza, os problemas envolvidos na representação da Terra de forma esférica em uma superfície plana.

As viagens do explorador italiano Marco Polo, no século XIII, as cruzadas cristãs, nos séculos XII e XIII, e as viagens de exploração dos espanhóis e portugueses, nos séculos XV e XVI, abriram novos horizontes para os europeus e estimularam o aparecimento de obras e tratados geográficos. No século XV, Henrique, o Navegador, de Portugal, impulsionou e apoiou as explorações das costas africanas.

Com a utilização do método geográfico, cabe destacar a obra Geographia generalis (Geografia geral, 1650) do geógrafo alemão Bernhardus Varenius, um dogma indiscutível durante mais de um século.

Alexander von Humboldt e Carl Ritter, ambos alemães, forneceram grandes contribuições à teoria geográfica no início do século XIX.

Outro geógrafo alemão, Friedrich Ratzel, célebre por sua obra Antropogeografia (1882-1891), tentou demonstrar que as forças naturais determinam a distribuição das pessoas na Terra, enquanto seus conterrâneos Ferdinand von Richthofen e Alfred Hettner introduziram as idéias de Humboldt, Ritter e Ratzel em um sistema coerente.

Entre os geógrafos franceses do final do século XIX destaca-se Paul Vidal de La Blache, que se opôs à idéia de que o meio físico determina de um modo estrito as atividades humanas.

No século XIX, com o desenvolvimento do imperialismo europeu, surgiram muitas sociedades geográficas. As sociedades mais antigas desse tipo se estabeleceram em Paris, Berlim e Londres, entre 1820 e 1830. Nos Estados Unidos foi fundada a Sociedade Geográfica dos Estados Unidos em 1851 e a Sociedade Nacional Geográfica em 1888.

No início da década de 1950, os geógrafos começaram a utilizar cada vez mais os métodos quantitativos, que tiveram grande utilidade ao serem aplicados à teoria da localização; Walter Christaller deu importantes contribuições a essa teoria.

Na década de 1960, a geografia foi dividida em diferentes escolas: por um lado, as que apoiavam os métodos quantitativos e por outro, as que defendiam um enfoque descritivo. Contudo, desde a década de 1970, os diferentes métodos são utilizados em conjunto e aplicados a novas áreas do estudo geográfico.

Os computadores se transformaram em um instrumento de grande utilidade na geografia. Atualmente, com o Sistema de Informação Geográfica, ou SIG, é possível criar imagens de uma área em duas ou três dimensões e utilizá-las como modelos em estudos geográficos.

História e historiografia, no seu sentido mais amplo, é o conjunto dos acontecimentos humanos ocorridos no passado. Historiografia é o registro escrito do que se conhece sobre as vidas e as sociedades humanas e a forma como os historiadores estudam, compilam, registram, analisam e interpretam este passado. Os feitos históricos são conhecidos através de várias fontes de informação: relatos de testemunhas, memórias, cartas, arquivos de tribunais, assembléias legislativas, instituições religiosas ou mercantis e, também, pela informação não escrita que se obtém através do estudo de restos de civilizações já desaparecidas. Os acontecimentos constituem a base sobre a qual se cria a interpretação histórica. Este processo baseia-se numa hipótese ou num modelo teórico provisório, que dirige a pesquisa para um relato minucioso e coerente sobre o elemento que está sendo analisado.




Sugestões de Atividades 1: Trabalhando com textos – literários, jornalísticos, didáticos, poéticos...



Fabiano

Fabiano ia satisfeito. Sim senhor, arrumara-se. Chegara naquele estado, com a família morrendo de fome, comendo raízes. Caíra no fim do pátio, debaixo de um juazeiro, depois tomara conta da casa deserta. Ele, a mulher e os filhos tinham-se habituado à caminha escura, pareciam ratos – e a lembrança dos sofrimentos passados esmorecera.

Pisou com firmeza no chão gretado, puxou a faca de ponta, esgaravatou as unhas sujas. Tirou do aió um pedaço de fumo, picou-o, fez um cigarro com palha de milho, acendeu-o ao binga, pôs-se a fumar regalado.

-Fabiano, você é um homem, exclamou em voz alta.

Conteve-se, notou que os meninos estavam perto, com certeza iam admirar-se ouvindo-o falar só. E, pensando bem, ele não era homem : era apenas um cabra ocupado em guardar coisas dos outros. Vermelho, queimado, tinha os olhos azuis, a barba e os cabelos ruivos; mas como vivia em terra alheia, cuidava de animais alheios, descobria-se, encolhia-se na presença dos brancos e julgava-se cabra.

Olhou em torno, com receio de que, fora os meninos, alguém tivesse percebido a frase imprudente. Corrigiu-a, murmurando :

- Você é um bicho, Fabiano.

Isto para ele era motivo de orgulho. Sim senhor, um bicho, capaz de vencer dificuldades.

Chegara naquela situação medonha – e ali estava, forte, até gordo, fumando o seu cigarro de palha.

- Um bicho, Fabiano...

Agora Fabiano era vaqueiro, e ninguém o tiraria dali. Aparecera como um bicho, entocara-se como um bicho, mas criaria raízes, estava plantado. Olhou os quipás, os mandacarus e os xique-xiques. Era mais forte que tudo isso, era como as catingueiras e as baraúnas. Ele, Sinhá Vitória, os dois filhos e a cachorra Baleia estavam agarrados à terra.

Chape-chape. As alpercatas batiam no chão rachado. O corpo do vaqueiro derreava-se, as pernas faziam dois arcos, os braços moviam-se desengonçados. Parecia um macaco.

Ramos, Graciliano. Vidas Secas.

Sugestões de Atividades 2: Trabalhando com músicas

Usar CDs ou instrumentos ou ainda apenas a voz: cantar com os alunos, ler e interpretar as letras com eles, incentivá-los a ilustrar essas letras, associar as músicas aos conceitos tratados nas aulas.

Músicas que “dão a aula por nós”: alguns exemplos

Tema: migrações internas

Música: A Triste Partida

Autor: Patativa do Assaré



Tema: colonização sul-americana

Música: Fruto do Suor

Autor: (...) interpretação – Raíces de América



Tema: recursos naturais; ciclo da água

Música: Planeta Água

Autor: Guilherme Arantes



Tema: astronomia, ecologia

Música: Xixi nas Estrelas

Autor: Guilherme Arantes



Tema: astronomia, o Sistema Solar, movimentos dos astros

Música: Canto do Povo de um Lugar

Autor: Caetano Veloso

Tema: o planeta Terra

Música: Terra

Autor: Caetano Veloso



Tema: extrativismo animal – a pesca

Música: Minha Jangada

Autor: Dorival Caymi



Tema: agricultura, solo, recursos naturais

Música: Cio da Terra

Autor: Milton Nascimento



Tema: os animais, ecologia

Música: As Baleias

Autor: Roberto Carlos



Tema: pluralidade cultural, o meio urbano e o meio rural

Música: Rancho Fundo

Autor: (...) interpretação – Chitãozinho e Xororó, entre outras tantas...



Sugestões de Atividades 3 – Trabalhando com imagens e com mapas

Importante:

􀂙Conhecer as regras básicas da Cartografia

􀂙Conhecer minimamente as diferenças entre os mapas físicos e os políticos

􀂙Trabalhar com mapas que tenham maior significação para seus alunos

􀂙Estudar minimamente os conceitos da Biologia, nas diversas áreas: botânica, zoologia, anatomia, ecologia... e “tirar” o conhecimento dos próprios alunos

􀂙Entender os preceitos da História Nova e da História Total para trabalhar com os alunos da EJA o que for mais significativo para eles

􀂙Valorizar a história dos alunos

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